Instalação foi inspirada no “Abaporu”, uma das pinturas mais famosas da artista.
Quem passa pelo pátio de entrada do Projeto Arrastão se depara com uma bela obra produzida por nossos educandos: um Abaporu tridimensional feito com tecido e materiais reciclados. Sua produção envolveu diversas áreas da organização, a Educação Infantil, o Centro de Crianças e Adolescentes, o Centro da Juventude e o Coletivo de Jovens Artistas. Nosso cardume criativo se inspirou em Tarsila do Amaral, uma importante pintora do Movimento Modernista.
O objetivo da obra foi introduzir o trabalho da artista no cotidiano da organização e aproximar os jovens de um importante momento da arte contemporânea, o Movimento Modernista. Tarsila do Amaral é uma das maiores pintoras brasileiras do século XX e teve grande destaque neste movimento, que se caracterizou pela busca por uma identidade essencialmente brasileira nas artes e na literatura.
A obra que serviu de inspiração para o trabalho feito no Projeto Arrastão foi o Abaporu, cujo nome vem do tupi-guarani e significa “homem que come gente”, uma referência ao antropofagismo, conceito central do Modernismo que se refere ao ato de se inspirar na própria cultura brasileira para criar.
A construção do Abaporu tridimensional foi uma grande oportunidade de se aprofundar no trabalho da artista que tem suas obras expostas no Museu de Arte de São Paulo (MASP) desde abril em uma mostra intitulada “Tarsila Popular”, que fica em cartaz até o fim de julho.
O Abaporu do Projeto Arrastão é todo feito com material reciclado. A obra possui estrutura de madeira, forro de tecidos e detalhes feitos com tampas reaproveitadas, garrafas plásticas e medalhas antigas. A ideia foi trabalhar com os elementos utilizados na obra de Tarsila do Amaral aplicando diversas técnicas desenvolvidas no Projeto Arrastão.
O caminho escolhido para o projeto colaborativo foi criar uma pintura expandida, ou seja, uma pintura que sai do suporte e é formada por diversas camadas. Ao mesmo tempo, a obra é uma instalação artística, e seus elementos se integram ao espaço da instituição.
Um lugar que valoriza o potencial criativo de cada um é algo que Gabriel admira no Projeto Arrastão. Ele é um dos participantes do Coletivo de Jovens Artistas e fez parte da equipe que construiu a releitura do Abaporu. Segundo ele, “a atividade foi interessante, pois foi uma oportunidade se aprofundar no trabalho da artista e de aprender novas técnicas para construir a obra”. Ele sonha em estudar Publicidade e Propaganda e acredita que a proximidade com a arte pode auxiliá-lo a concretizar seus planos para o futuro.
Ter a arte presente no cotidiano dos educandos é uma preocupação da organização. Para Nathália, educadora do Coletivo de Jovens Artistas do Projeto Arrastão, atividades como essa são muito importantes, porque “o contato com artistas brasileiros mostra o quanto nossa cultura é rica e que a arte pode ser uma possibilidade”. E, mesmo que o jovem opte por trilhar outros caminhos, para ela, “participar de atividades como essa pode auxiliá-lo a pensar fora caixa e de forma mais criativa” – conclui.