Evento foi realizado em parceria com o grupo Quartier Des Arts e norteou trabalhos em sala
Poesia, prosa e frases: essas três categorias desafiaram os educandos do Projeto Arrastão para o 1º Concurso Literário, que aconteceu nesta quinta-feira, 30/11, na sede da ONG. Com o tema diversidade, nove trabalhos foram premiados pela fundadora do grupo Quartier Des Arts, Rita Lobo, que distribuiu livros e certificados para os vencedores.
Diversidade sexual, de gênero, racial, religiosa: nada escapou da língua afiada dos educandos, que apresentaram os seus trabalhos, discursaram sobre o tema, e se emocionaram ao destacar a importância da tolerância na sociedade diante de um cenário de turbulência.
“O mais importante é vocês terem colocado em uma frase ou em uma poesia o que vocês sentem. Para quem gosta de escrever, continue fazendo isso, colocando as suas ideias para fora. Muitos dizem ter vergonha, e foi uma surpresa muito boa ver a potência desses trabalhos”, disse a diretora do Projeto Arrastão, Selma Bertagnolli.
A temática também norteou as discussões e projetos produzidos nas salas de aula do Centro da Criança e Adolescente (CCA) e Programa de Formação de Jovens, abrangendo a faixa etária de 6 a 17 anos, e, dessa forma, trazendo percepções muito diferentes e amplas do assunto.
“O nosso trabalho é de desenvolver debates sobre literatura, cinema e arte. Nós já fizemos muitas coisas com o Projeto Arrastão, desde doações de livros a divulgação das suas produções para o nosso grupo, que conta com mais de 1 mil pessoas”, explicou Rita Lobo, do Quartier Des Arts.
“Axé para quem é de axé, amém para quem é de amém e namastê para quem é de namastê”, educando José Gabriel.
O respeito às diferenças também marcou a mobilização mensal do Projeto Arrastão, a Rede Praça, que ocorreu na quarta-feira, 29/11. Circulando pela Praça do Campo Limpo, a população do bairro se deparou com uma mostra de tolerância, amor e denúncia, destacando a necessidade de construirmos uma sociedade mais igualitária e sem preconceitos.
“Valorize a diversidade, respeite as diferenças”, “Aceitar é uma escolha sua, respeitar é um dever de todos”, “Compreenda a igualdade, abrace a mudança”, com frases como essas, a Educação Infantil, faixa etária entre 1 e 3 anos, tomou as ruas e deu o seu recado.
O debate sobre gênero e orientação sexual permeou as intervenções do CCA, que trabalhou o tema na perspectiva transversal, incluindo desigualdade social, raça e religião, questões que estão intrinsecamente ligadas.
A Juventude fez sua reflexão sobre a intolerância religiosa, com destaque para os casos de terrorismo e assassinatos banais, recorrentes na atualidade, e causadores de diversas guerras ao longo da história.
O encerramento tanto da Rede Praça, quanto do Concurso Literário, ficou por conta do grupo de percussão, Arrasta Lata, que cantou o clássico ‘Olhos Coloridos’, do compositor Osvaldo Costa, e interpretado por Sandra de Sá.
O tema Tolerância e Diversidade proposto pelo I Concurso de Literatura Quartier-Arrastão inspirou a pesquisa e o debate de crianças, adolescentes e jovens do Projeto Arrastão, culminando nas obras de poesia, frases e textos escritas pelos educandos para o concurso e na mobilização em nossa praça para conscientizar toda a comunidade.
Confira os trabalhos premiados:
Poesia
Eu sou de um jeito meu amigo é de outro.
Se fossemos iguais o mundo não teria gosto
Aceitar um ao outro é diversidade
Com muita sinceridade.
Thalita Dias Leal – 10 anos
Quando um time de futebol perdeu,
Nesse dia choveu
Lá fora tinha vários carros
O outro time tirou muito sarro.
Mas o time ganhador teve arrogância,
E o perdedor teve tolerância.
O time que ganhou, não teve humildade,
Xingou um negro do outro time por pura maldade.
Assim deu início a uma grande confusão
o que era pra ser festa, virou troca de agressão
eu fico triste por esse tipo de situação.
Espero que no próximo jogo tenha mais respeito e união.
João Pedro Marques de Araújo – 14 anos
Para que serve a leitura?
Uma vez me perguntaram,
“Para que eu vou ler?”
Fiquei indignado,
Então, lerei para vocês…
Ler é viajar,
Sem ter um caminho,
É ir de uma princesa em perigo,
A história de três porquinhos.
Ler é marejar sua imaginação,
Navegar em outros mundos,
É adotar para si a interrogação,
E tornar-se milhões de pessoas, em poucos segundos.
Ler é viver em sonhos,
Passados para um papel,
Como um pé de feijõezinhos,
E descê-lo, sem nem precisar de rapel.
A leitura é uma dádiva,
É a chave para uma nova realidade,
Quem Lê, pode escrever,
Criando assim, sua própria liberdade.
Quem passa seu sonho pela escrita,
Realiza-o no mesmo minuto,
Para isso serve a leitura em sua vida,
Da criança ao idoso, do jovem para o adulto,
A leitura deve ser vivida.
Fábio Henrique Ferreira dos Santos, 17 anos
Prosa
Por que tanto preconceito com as pessoas? Por que não aceitam elas do jeito que elas são? Sim, não somos todos iguais. Mas isso não te dá o direito de querer zombar da minha cara. “Ah, mas você é negra”, “ Você é feia”, “ Você tem o cabelo ruim”. Primeiro: sou negra com muito orgulho. Bato no peito e digo: “Adoro minha cor”. “E pra quem não gosta?”, “Você acha mesmo que eu ligo?”. Segundo: não sou feia. Sou maravilhosa, linda, pois sua opinião não vai me importar. Terceiro: meu cabelo não é ruim. Ruim é esse teu preconceito. Queridos, tenho algo a falar: sua opinião nunca vai me importar, pois o que eu sou ninguém nunca será.
A DIFERENÇA NOS ENRIQUECE E O RESPEITO NOS UNE.
Heloisa Nunes Santos – 12 anos
O branco, o negro, o meio amarelado, trans, bis, gays, e etc. todos são iguais como a menina que era sensível e mesquinha deixou de ser princesinha.
O menino que era rico e era egoísta e agora é feliz com a vida.
O garoto e a garota que sofriam bullying por serem negros agora não ligam se são imperfeitos ou se não perfeitos.
O garoto que queria dançar agora começou a amar.
A menina que gostava da sua amiga agora tem uma família.
O garoto que via sua mãe se maquiar agora pode experimentar.
O garoto que agora brinca de bonequinha pode brincar de casinha.
A menina que tinha seu gênero agora é respeitada dos pés até o cabelo.
A menina que apanhava porque ia para a igreja agora está no céu com Jesus sendo aceita.
A menina que tinha seu gosto pra música agora pode escolher qualquer uma.
João, seja tolerante: não diga o que vê, diga o que acha.
Não fale o que acha. O que sai da sua boca pode machucar.
Não deixe seus amigos ou familiares brincar de morrer.
Pedro Henrique Lelis – 12 anos
Era uma vez, uma garota chamada Emilly, que morava em uma casa simples com seu pai e sua mãe, que se chamam Guilherme e Vitória.
Emilly tinha 14 anos e estava na 8ª Série, ela amava dançar, cantar, escutar música, passear e etc.
Seus pais trabalhavam o dia inteiro e só viam Emilly à noite.
Emilly era um pouco isolada, mas era uma menina muito feliz e extrovertida, e tinha 3 amigas muito legais: Gabriela, Monique e Carolina.
Todos os dias Emilly sorria, sempre muito feliz, até que um belo dia Emilly não sorriu, ela estava triste e não falou uma palavra sequer.
Suas amigas ficaram preocupadas porque nunca tinham visto Emilly daquele jeito, e elas perguntaram o que havia acontecido.
Emilly falou tudo. Mas afinal, o que havia acontecido com Emilly?
Emilly era bissexual, e gostava de uma menina chamada Michelle. Até aí tudo bem, isso as amigas dela já sabiam, só que ela estava mal porque sua mãe, Vitória, havia descoberto e ela tem preconceito.
Ela falou um monte para Emilly.
Emilly já estava mal, porque a Michelle não gostava dela, ela gostava da sua própria amiga a Monique, e agora estava mal porque sua própria mãe ao invés de ajudar e apoiar ela, julgou ela e falou palavras que magoaram muito a Emilly.
Emilly foi ficando depressiva, e começou a se cortar e se isolar cada vez mais. Ela nunca mais foi a mesma de antes, ela nunca mais voltou a sorrir. Tudo o que ela queria era o apoio da mãe dela, só que Vitória nem sabia dos problemas de Emilly.
Emilly não estava aguentando tudo isso e se matou, mas antes disso deixou uma carta contando tudo o que havia acontecido para sua mãe. Sua mãe, chorou muito ao ler a carta, e se arrependeu de não ter ficado do lado da sua filha. Mas já era tarde demais.
Hoje, Emilly recebe muitas flores em seu túmulo. Os mortos recebem mais flores que os vivos porque o remorso é mais forte do que a tolerância.
Graziele Vitória Oliveira Nascimento – 14 anos
Frases
Tolerância é ser paciente consigo mesmo, pois o caminho para paz está cada vez mais perto.
Felipe Rodrigues Magalhães 11 anos
Falo por dentro e por fora
Mas sem fazer confusão
Ser diferente por dentro
É a escolha de coração
Por cultura, credo e fé
Cada um tem sua opção
Felipe Rodrigues Magalhães 11 anos
A vaidade de se achar único e correto,
Te tornas intolerante a novas ideias!
Victor Hugo dos Santos – 10 anos