Conheço o método da Descoberta da Língua Escrita
Neste mês de setembro, comemora-se na data de 06/09, o Dia da Alfabetização. Esse é um tema caro para o Brasil, que se vê em meio à uma taxa alta de pessoas consideradas analfabetas ou analfabetas funcionais, ou seja, pessoas com mais de 15 anos que tem menos de 4 anos de estudo formal.
Para se ter ideia, atualmente 8% da população brasileira é analfabeta, e 17,1% é analfabeta funcional, de acordo com o PNAD 2016 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio). Entre as crianças, o problema persiste. De acordo com a ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização) 56% das crianças do 3º escolar têm nível baixo de leitura.
O Plano Nacional de Educação (PNE) define que até 2024 para erradicar completamente o analfabetismo do Brasil. No entanto, a partir do quadro problemático que vimos é possível encontrar soluções?
Por isso, vamos conhecer mais sobre o processo de alfabetização desenvolvido no Projeto Arrastão, conhecido como ‘A Descoberta da Língua Escrita’, método elaborado em parceria com o linguista francês, Elie Bajard, e descrito no livro que leva o mesmo título.
O Método da Descoberta da Língua escrita se desdobra em três: a descoberta da literatura, a descoberta do nome e a descoberta do texto.
Descoberta da Literatura
A descoberta da literatura é baseada no processo de mediação de leitura, que é realizado nos seguintes passos:
1. Abertura com brincadeira, que deve provocar a imaginação das crianças ou jovens
2. Transmissão para o grupo: aqui o livro que será trabalhado é passado de mão em mão, para que todos possam folheá-lo e conhecê-lo.
3. Espalhar os livros: agora é hora de deixar a escolha livre, para que exerçam autonomia e explorem todo o acervo.
4. É hora de dar asas à imaginação e explorar como a uma aventura o livro! Para isso, os livros devem ser diversos e possibilitar a interação. Então o mediador começa a contar uma história, que não necessariamente é para todos, aqueles que desejarem ler outras coisas devem ter esse momento. Para encerrar, que tal uma brincadeira ou uma música?
Descoberta do Nome
O nome geralmente é a primeira palavra que ouvimos em nossas vidas e é a partir dele que todos os outros elementos vêm, sejam sonoros ou gráficos. Para Élie Bajard, isso é um elemento fundamental na construção da nossa personalidade. É nisso que entra a Descoberta do Nome, um “ritual” em que, a partir da oralidade de seu nome, a criança procura o correspondente em seu crachá. Veja como é realizado:
1. Cerimônia do nome: nesse início, a criança recebe o seu crachá. A partir da oralidade do seu nome, e escolhe o crachá. Essa data é muito especial para todos!
2. Nas salas, os crachás são colocados em roda, para que as crianças brinquem com eles e conheça o dos seus colegas.
3. A chapeira: a chapeira colada à parede leva todos os nomes das crianças. Durante a chamada no começo do dia, eles pegam o seu nome na roda e cola na chapeira. É um exercício diário e de incrível potencial.
4. Quebra cabeça: e se a gente recortar em pedaços triangulares o nome da criança, ela será capaz de reconstruir? Esse é o exercício do quebra cabeça, em que o crachá é fundamental para ela reproduzir seu nome corretamente.
5. Dominó: vamos dificultar um pouco mais? Vamos separar letra por letra, como um dominó, e depois incentivar a criança a reconstituir o nome.
6. A letra dominó: esse é a etapa final e mais importante para avaliar a progressão da criança, pois nesse momento não há mais modelo em que ele se inspire. Agora o dominó será com as letras dos nomes de todas as crianças e depois ele vai escolher as corretas para remontar o seu nome. Essa é a primeira escrita que ele desenvolve, pois já entende a correlação entre letras e a formulação das sílabas.
Em todas as etapas é importante que todos possam explorar o nome de seus pares também, ampliando o seu repertório.
Descoberta do Texto
A descoberta do texto é uma passo mais adiante, pois exige do educando a leitura. Somente através dela é possível chegar à compreensão desse modelo. Ele funciona nos seguintes passos:
1. Escolha do texto e exposição para todos. O primeiro contato dos educandos com ele deve ser silenciosa e visual.
2. O que vocês acharam do texto? Essa questão deve ser a primeira, com o objetivo de instigá-los a tirarem suas próprias conclusões e explorar os seus conhecimentos.
3. A partir desses entendimentos, o educador deve provocar os jovens a demonstrarem suas argumentações, sublinhando na lousa os trechos que nortearam o seu pensamento. Os destaques viram “pistas”, que devem ser anotadas ao lado do texto.
4. Por fim, com as diversas análises discutidas e as pistas encontradas, é necessário trazer a síntese desse conteúdo. Para isso, é importante estimular a leitura em voz alta dos trechos e encontrar um consenso geral na compreensão.
Resultados
Os resultados dessa estratégia dão um panorama animador para o nosso corpo pedagógico, pois reafirmam a sua potencialidade junto às crianças e adolescentes.
Em nossa Educação Infantil, que atende crianças de 1 a 3 anos, 83% delas desenvolveram sua linguagem escrita e oral acima de 70%. 85% delas conseguem verbalizar seus desejos e vontades mais de 80% das vezes. No Centro da Criança e Adolescente (CCA) 75,6% dos educandos passaram a levar livros para casa.
Quer conhecer de perto esse trabalho? Visite o Projeto Arrastão e faça parte desse cardume!