Método é utilizado no Projeto Arrastão para promover vínculo, respeito e autonomia

A criação e promoção de coletivos sempre foi uma marca do Projeto Arrastão. Em seus quase 50 anos, diversos foram os grupos de jovens que, formados nos nossos cursos e oficinas, juntaram-se e tornaram-se empreendedores nas mais diversas áreas, desde comunicação, a moda e dança.
O trabalho mais longevo e reconhecido de coletivo é o Arrasta Lata. Com cerca de 15 anos de existência, o grupo foi criado a partir de uma iniciativa de sustentabilidade, com a criação de instrumentos com materiais reutilizados e tornou-se uma marca do Projeto Arrastão, tocando com artistas consagrados e para diversas instituições
Em 2017, o Projeto Arrastão passou a aplicar o método de fomento e criação de coletivos interdisciplinares, no Centro para Crianças e Adolescentes (CCA), da faixa etária de 8 a 14 anos e manteve a prática no Centro para Juventude (CJ) de 15 a 17 anos.
Foram cinco no CCA: o próprio Arrasta Lata, coletivo Luderta que desenvolve jogos lúdicos, coletivo Tecnoarte que aborda tecnologia e artes, Meio ambiente com a conservação das áreas verdes, Artes produção de obras, e Mediação de leitura que fomenta a formação de mediadores.

Com a juventude foram quatro: Mediação de Leitura que trabalha com as crianças de 1 a 3 anos da Educação Infantil, Dança, Audiovisual e o Coletivo de Jovens Artistas, formado há cerca de 5 anos e composto por ex-integrantes e educandos do Centro para Juventude.
“Os coletivos deram a oportunidade dos educandos se integrarem com outras faixas etárias, aumentando o respeito e o cuidado entre eles”, aponta a educadora Cláudia Bernardes, orientadora do coletivo de Mediação de Leitura. “Com isso eles multiplicam os conhecimentos e se empoderam do espaço”.
A partir da experiência, outros coletivos foram nascendo, como o coletivo de Libras, em que as crianças e adolescentes aprendem a língua de forma divertida e em conjunto. Elas passaram a fazer intervenções no nosso espaço, traduzindo para libras músicas e poesias.
“Já participei do coletivo Arrasta Lata, quando era do CCA, e hoje estou no de dança, do CJ. Gosto de dançar e de ver todos fazendo os passos que eu criei. No início fui me envolvendo aos poucos, perdendo a vergonha, mas agora tenho mais autonomia”, conta o educando Peterson Melo. “Meu sonho é trabalhar fazendo o que mais gosto: dançar, tocar e atuar”.
O resultado tem se mostrado no dia a dia, com a integração das diversas faixas etárias em torno de um mesmo trabalho. Além disso, também os educadores passaram a se desafiar com a experiência, orientando os processos de trabalho dos educandos.

“A nosso objetivo com a criação dos coletivos sempre foi replicar a experiência de convivência e cuidado que observamos no Arrasta Lata. Lá não havia conflito e os mais velhos cuidavam dos mais novos. O resultado nos demais foi muito parecido, aumentando o respeito e o vínculo entre eles”, afirma a coordenadora do CCA, Solange Silva.
Outro ponto importante é a inclusão de pessoas com deficiência nos grupos, que também foram acolhidos pelos colegas. “Leva tempo para a transformação, mas estamos vendo cada vez mais como esse trabalho a melhora do convívio como um todo”, pontua Solange.